João Côrtes, dos comerciais para as novelas

O ator João Côrtes
Por dois anos, entre 2013 e 2015, João Côrtes foi reconhecido nas ruas como o “ruivo dos comerciais” de uma operadora de celular. Até hoje, na verdade, ainda é lembrado por esse trabalho, que o revelou ao grande público. Mas os dias em que encarnava um personagem ingênuo e atrapalhado na televisão ficaram para trás. Ou quase isso. Em seu primeiro trabalho em uma novela, no novo folhetim das 6 da Globo, Sol Nascente, o ator paulistano de 21 anos vive o adolescente Peppino, de 17, um dos alívios cômicos da trama de Walther Negrão, justamente por ser um tanto… ingênuo e atrapalhado. “Tive que ‘voltar no tempo’ para viver um personagem que é mais novo do que eu, virgem e meio crianção”, diz o ator.
Filho de Vittorio (Marcello Novaes) e neto de Gaetano (Francisco Cuoco), o patriarca da família italiana da novela, Peppino é adepto da escola Cabeção, o icônico personagem de Sergio Hondjakoff na novelinha Malhação: trapalhão, meio folgado e preocupado em perder a virgindade com uma moça bonita. Ah, sim, e engraçadinho, como também era o personagem vivido por Côrtes nos comerciais que conferiram a ele um status de celebridade. Nos vídeos, o ruivo interagia, sempre com tiradinhas e cantadas, com nomes como Grazi Massafera, Rubens Barrichello e Sabrina Sato, sempre mostrando o seu lado “sem noção”.
João Côrtes com Marcello Novaes em 'Sol Nascente'
João Côrtes com Marcello Novaes em ‘Sol Nascente’ (Ellen Soares/Gshow/)
O contrato com a operadora não foi renovado em 2016 por decisão do ator, segundo o próprio, mas a empresa não reclamou. “Foi uma coisa mútua. Os três anos de campanha foram maravilhosos e me abriram muitas portas, mas senti que tinha chegado a hora de me desafiar a fazer outros trabalhos”, conta. Ele ainda não foi procurado por outras marcas e diz que, se for, por ora sua resposta será não. “Não quero mais fazer publicidade, por enquanto.”
Isso porque trabalho não lhe falta: além do papel em Sol Nascente, Côrtes também poderá ser visto nos cinemas a partir de 22 de setembro, no filme Tô Ryca, protagonizado por Samantha Schmütz. E no ano que vem ele estará em outros dois longas, Amor.com, estrelado por Isis Valverde e Gil Coelho, eNinguém Entra, Ninguém Sai, em que vai viver o filho de Danielle Winits. “Eu amo cinema, gosto tanto de fazer quanto de assistir. Gasto muito do meu salário só com ingressos para filmes e peças de teatro”, diz o ator.
Televisão – No cinema, Côrtes já havia participado de Lascados, protagonizado por Paloma Bernardi e Chay Suede, em 2014. Na televisão, seu currículo é um pouco mais amplo: em 2016, esteve na terceira temporada da série da HBO O Negócio como o filho de Ariel (Guilherme Weber); no ano passado, fez sua primeira investida no drama em um dos episódios da minissérie da Globo Os Experientes, em que contracenou com Beatriz Segall. Antes, fez 3 Teresas, série do canal pago GNT, e atuou em um episódio do humorístico Vai que Cola, do Multishow.
Em Os Experientes, o ator deixou de lado o perfil abobalhado de seus personagens para interpretar Kleber, técnico de ar-condicionado que trabalha em uma agência bancária e ajuda um grupo de assaltantes a render os agentes e os clientes do local. No meio da confusão, ele acaba ferido e aceita a ajuda de uma idosa, ex-enfermeira, que estava na agência, vivida por Beatriz Segall. “A Beatriz é séria e reservada, mas com meu jeito extrovertido eu a conquistei e ela me deu uma verdadeira aula, me disse para cuidar da aparência e nunca parar de estudar.”
A atriz Beatriz Segall contracena com João Côrtes na série 'Os Experientes'
A atriz Beatriz Segall contracena com João Côrtes na série ‘Os Experientes’ (Zé Paulo Cardeal/TV Globo)
Para o papel, Côrtes não fez nenhum teste: recebeu um convite dos diretores da minissérie, Fernando Meirelles e Quico Meirelles, pai e filho, responsáveis também pelos comerciais em que o ator foi revelado. “A gente começou a trabalhar junto no começo de 2013 na publicidade. No fim daquele ano, o Fernando me chamou para Os Experientes. O Kleber não era um personagem mau e acho que ele viu um pouco da inocência do Kleber em mim”, diz Côrtes, que teve ali a oportunidade de mostrar que não faz só graça. “Me sinto mais confortável com papéis cômicos, mas é justamente por isso que eu quero explorar o drama.”
Trajetória – Côrtes começou sua carreira artística no teatro. Sua primeira peça profissional foi Adão, Eva e Mais uns Caras, em 2013, em que entrou como um dos “caras”, para substituir outro ator. Fez ainda a peça adolescente Meninos e Meninas, em 2014, mesmo ano em que integrou o elenco do musical M Mais de Perto, sobre a vida e a obra de Amy Winehouse. “Desde criança, quando meus pais davam festa em casa, eu queria estar na frente das pessoas, entreter, fazer rir.” Passou por diversas escolas e grupos de teatro diferentes, como o Teatro Livre, Teatro APCD, Oficina dos Menestreis e 4Act, focada em teatro musical.
A música também é parte importante da vida do rapaz. Filho do produtor musical Ed Côrtes e neto do pianista e maestro Edmundo Villani-Côrtes, o ator cresceu ouvindo e fazendo música. “Aprendi a tocar meu primeiro instrumento aos 5 anos, quando meu pai me comprou uma bateria pequena, azul. Quando eu tinha uns 12 anos, ganhei uma bateria em tamanho normal que eu toco até hoje”, diz. Além dos trabalhos no cinema e na televisão, Côrtes também é vocalista da banda de jazz Oito do Bem, formada por seu pai e outros músicos, como Derico Sciotti, saxofonista do Programa do Jô. Um dos projetos do ator para o futuro próximo é lançar, junto com o pai, um disco de jazz.
Da mãe, uma diretora pedagógica carioca, ele herdou o sotaque. Apesar de ter nascido e vivido a maior parte de sua vida em São Paulo, Côrtes por vezes puxa o “r”, como fazem os cariocas. Durante a infância, morou por menos de um ano no Rio de Janeiro. Em março de 2016, deixou os pais em São Paulo e decidiu ir morar sozinho na capital fluminense, primeiro para gravar Amor.com e depois para Sol Nascente. Ao andar nas ruas, é reconhecido imediatamente como o ator cômico que é. “Tenho praticamente um fã-clube (risos), as pessoas apontam para mim, comentam entre si. E elas vêm falar comigo já dando risada.”
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